Meninas da Águia abrem mais um Brasileirão

A abertura do Brasileirão do futebol feminino é neste sábado e a bola começa a rolar justamente na partida do São José. Às 15h, no Distrito Federal, será uma visita ao Minas Icesp que subiu de divisão no ano passado e como campeão da Série A2. A reestreia da lateral-direita Poliana, das grandes conquistas das Meninas da Águia, é a principal atração no time joseense.

Líder do ranking da CBF pelo quinto ano consecutivo e único time sul-americano com um título do Mundial de Clubes e três da Libertadores da América, o São José ainda tem um espaço vaga na sua rica galeria de troféus, pois falta um do Campeonato Brasileiro.

“Vamos em busca do título que também falta para a minha carreira”, disse a lateral Poliana, que alguns meses depois das grandes conquistas do São José foi jogar no exterior, passando cinco anos na Islândia e nos Estados Unidos.

Neste campeonato, o São José sabe que começa fora da lista de favoritos ao título, pois encontrará alguns adversários de investimentos bem maiores e também querendo conquistas. Por isso, prefere dizer que o principal objetivo é buscar uma das oito vagas da segunda fase e, consequentemente, não ter maiores problemas com o risco do rebaixamento que atingirá os quatro piores.

No ano passado, com o técnico Cleber Arildo, o São José sofreu uma inevitável reformulação, pois algumas jogadoras saíram por vantagens em propostas de transferência, ou porque não renderam o esperado. Agora, novas mudanças deixam todos na expectativa de um crescimento necessário.

Na equipe base deste início de temporada, cinco jogadoras são remanescentes de 2018: a zagueira Nath Rodrigues, a volante Edna Baiana, a meia-atacante Carlinha e as atacantes Michele Carioca e Fernanda Tipa. A lateral-volante Gabi Lira, sofrendo contusão e um dos jogos-treinos da pré-temporada, está vetada.

Entre as várias contratações, a volta de Poliana é a principal. Jogadora de Seleção Brasileira, está cotada para continuar no grupo que em junho disputará a Copa do Mundo, na França. A volante Natsumi Saito, da seleção do Japão, veio por intermédio de um intercâmbio, mas ainda não sabe quando estará com a documentação em ordem para estrear.

A zagueira Ana Marta, do Grêmio na Série A2 do ano passado, é a mais recente contratada e pode estrear. A meio-campista Daiane Fogel, conhecida como Godoi, sofreu contusão treinando e estreará em outra oportunidade.

O técnico Cleber Arildo não antecipou a escalação para o jogo no estádio Maria Abadia, em Ceilândia. A meio-campista Geisi, que é uma das promovidas das categorias de base, poderá ficar com a posição que seria da Natsumi ou ainda Gabi Lira.

A delegação viajou na manhã desta sexta-feira para Brasília com 18 jogadoras. Uma formação provável: Zani; Poliana, Dulce, Nath Rodrigues e Thayane; Edna Baiana, Geisi, Fernanda Marques e Carlinha; Michela Carioca e Fernanda Typa. Ficariam como opções de banco: Bruna, Ana Marta, Di Menor, Rafa Martins, Rafa Soares, Duda Batista e Lívia.

O campeonato

Sobre a competição, o departamento de Comunicação da CBF divulgou o seguinte guia.

A disputa do Campeonato Brasileiro Feminino A-1 de 2019, a elite do futebol feminino nacional, começa neste sábado (16). No ano que promete ser o divisor de águas para a modalidade, não faltam ingredientes para todo mundo ficar ligado na disputa. Dezesseis clubes participam na edição 2019, que passou por reformulações no regulamento. Confira abaixo tudo o que você precisa saber para acompanhar o torneio:

Participantes

Quando o torneio começar, 16 clubes irão lutar pelo troféu do Brasileirão Feminino A1. São eles: Corinthians-SP, Santos-SP, Sport-PE, Flamengo-RJ, Vitória-BA, Ponte Preta-SP, Ferroviária-SP, São José-SP, Vitória-PE, São Francisco-BA, Kindermann-SC, Iranduba-AM, Foz Cataratas/Athletico-PR, Audax-SP, Minas ICESP-DF e Internacional-RS – estes dois são estreantes no torneio nacional.

De todos os participantes, 13 são remanescentes do Brasileiro Feminino A1 de 2018. Minas ICESP-DF e Vitória-BA (campeão e vice do Feminino A2 2018, respectivamente) foram promovidos à elite do futebol feminino nacional. Já o Internacional-RS herdou a vaga deixada pelo Rio Preto-SP.

Campeões

Até hoje, nenhum clube levantou a taça do Brasileiro Feminino A-1 duas vezes. Em seis edições do principal torneio feminino do país, seis equipes diferentes foram campeãs: Centro Olímpico-SP (2013), Ferroviária-SP (2014), Rio Preto-SP (2015), Flamengo (2016), Santos (2017) e Corinthians (2018).

Artilheiras

A primeira goleadora do Feminino A-1 foi Gabi Zanotti, que fechou a disputa do Brasileiro em 2013 com 12 gols pelo campeão Centro Olímpico. Em 2014, foi a vez de Raquel fechar a temporada como artilheira, com 16 gols. Já em 2015, a artilheira foi Gabi Nunes, então no Centro Olímpico, tendo balançado a rede 14 vezes.

Millene Karine foi a maior goleadora do Brasileiro em 2016, com dez gols no Feminino A-1; à época, a atacante defendia o Rio Preto-SP. A única gringa a ser artilheira do torneio nacional foi Sole Jaimes, com 18 gols feitos em 2017, número recorde de gols na competição. A última jogadora a ostentar a marca de artilheira foi Dany Helena, do Flamengo, com 15 gols feitos em 2018.

Como curiosidade, à exceção da argentina Sole Jaimes, todas as artilheiras do Brasileiro Feminino A-1 já passaram pela Seleção Feminina. Gabi Zanotti e Raquel estavam no grupo que levou o ouro dos Jogos Pan-Americanos de 2015, enquanto Millene Karine integrou o elenco campeão da Copa América 2018. Gabi Nunes e Dany Helena também já foram convocadas para defender o Brasil.

Público

A cada ano, o futebol feminino conquista mais fãs pelo país. O Brasileiro Feminino A-1 já arrasta milhares de torcedores aos estádios pelo Brasil, como também é responsável por alguns recordes de público da modalidade.

Na semifinal de 2017 entre Iranduba e Santos, 25.371 compareceram à Arena da Amazônia para prestigiar o duelo. O confronto, que terminou 2 a 1 para as Sereias da Vila, entrou para a história como o maior público de um jogo entre clubes do futebol feminino nacional.

Ainda em 2017, por exemplo, o maior público da Vila Belmiro (casa do Santos-SP) na temporada foi na final do Feminino A-1. Há dois anos, o clássico decisivo contra o Corinthians teve cerca de 15 mil pessoas presentes, enquanto o melhor público masculino (Santos x The Strongest) teve 13.132 presentes.

Suporte financeiro

Visando fortalecer o cenário do futebol feminino nacional, a CBF irá arcar com diversos custos do Brasileiro Feminino A-1, aliviando a saúde financeira dos clubes. As equipes irão receber benefícios de ordem financeira como passagens rodoviárias até distâncias de 500 km limitadas a 25 pessoas ou aluguel de ônibus, a critério do clube visitante.

Além disso, a entidade será responsável por fornecer as passagens aéreas, para delegações limitadas a 25 pessoas, para distâncias superiores a 500 km. Haverá, ainda, a cobertura das despesas de alimentação e hospedagem, para delegação visitante limitada a 25 pessoas, quando atuar fora da sua cidade-sede.

Nas partidas como visitante, cada clube irá receber a ajuda de custo de até R$5.000,00 (cinco mil reais). Já nas partidas realizadas em sua jurisdição, cada clube receberá valores de até R$10.000,00 (dez mil reais) para cobertura das despesas com arbitragem, ambulâncias, gandulas e exame-antidoping.

A disputa

A competição ganhou novos moldes para o ano de 2019. Antes, os 16 clubes eram divididos em dois grupos de oito cada. Agora, todas as equipes integram uma mesma chave. Os oito melhores colocados se classificam à segunda fase, quando serão disputadas as quartas de final. A partir dessa etapa, os classificados serão definidos em jogos de ida e volta.

Pênaltis

Nada de critério do gol fora de casa! O critério de desempate não será mais usado a partir deste ano. Um empate na soma dos placares das quartas de final e/ou fases seguintes do Brasileiro Feminino A-1 leva a disputa aos pênaltis.

Mandos

Na terceira e quarta fases (semifinal e final), a definição dos mandos de campo dos duelos de volta atende a três critérios. São eles: maior número de pontos ganhos em toda a competição (soma das fases); maior número de vitórias em toda a competição (soma das fases) e maior saldo de gols em toda a competição (soma das fases).

Se mesmo após todos os critérios, os clubes permanecerem empatados, o mando será definido através de sorteio.

Mundial

Não faltam motivos para 2019 ser um ano promissor para o futebol feminino nacional, mas o Brasileiro Feminino A-1 é um atrativo à parte. Além da briga pela taça em si, será possível prestigiar atletas como Andressinha, Dany Helena, Gabi Zanotti e Millene – para citar apenas algumas das craques que entrarão em campo.

O torneio ainda pode servir como vitrine para a Copa do Mundo Feminina, que será disputada em junho, na França. Um bom desempenho das jogadoras no Brasileirão A-1 pode render uma vaga no grupo da Seleção: nas últimas três convocações feitas pelo técnico Vadão, 19 atletas atuavam em território nacional.

Rodada e Série A2

Rodada e Série A2

A primeira rodada está assim programada: Sábado, dia 16: Minas Icesp-DF x São José (15h), Ponte Preta/Rio Preto x Corinthians (16h) e Vitória-BA x Audax Osasco (17h). Domingo, dia 17: Vitória-PE x Internacional-RS (15h), Santos x Foz Cataratas-Athletico-PR (15h), Kindermann-SC x Ferroviária (16h) e Iranduba-AM x Flamengo (18h). Na quarta-feira dia 20: São Francisco-BA x Sport Recife (16h).

Depois do jogo deste sábado longe de casa, o São José terá dois seguidos no estádio Martins Pereira. Receberá a Ponte Preta, quarta-feira, às 15h e o Flamengo, em dia e horário ainda não confirmados.

A Série A-2 começará no final do mês e as partidas da rodada de abertura ainda serão distribuídas entre os dias 26 e 31. Pelo Grupo 1, o jogo do Taubaté, recebendo o Cruzeiro, está confirmado para o dia 27, uma quarta-feira, às 15h. Os outros dois: Fluminense x Cresspom-DF e Vasco da Gama x Aliança-GO.

Nas imagens, o técnico Cleber Arildo orientando as jogadoras antes de um treino (foto de Gabriel Dantas/São José Futebol Feminino) e o troféu do campeonato do ano passado (foto de Mauro Horita/CBF).

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